Servo ou César?

Jesus rejeitou a oferta de Satanás de poder político ilimitado e, em vez disso, escolheu o caminho do servo sofredor - Mateus 4:8-11.

Satanás tentou Jesus oferecendo-lhe poder político sobre “todos os reinos do mundo.” No entanto, ele recusou a oferta do diabo. Em vez disso, ele se submeteu ao Caminho do 'Servo Sofredor' que levou inevitavelmente à sua morte na cruz romana. Satanás tentou o Filho de Deus de quatro maneiras. O mais sedutor foi a oferta de poder sobre as nações - (MT 4:8-11).

O diabo levou Jesus a uma alta montanha e mostrou-lhe todos os “reinos do mundo (‘kosmos’) e seu esplendor.” Ele ofereceu a ele mais do que apenas soberania sobre a nação judaica ou o pequeno território da Palestina.

Cross sunset - Photo by Jonas Allert on Unsplash
[Photo by Jonas Allert on Unsplash]

O termo traduzido como “
mundo” ou 'kosmos' pode se referir a todo o planeta, se não ao universo. O diabo ofereceu ao Messias de Israel um meio de estabelecer o “Reino de Deus”, a mesma coisa para a qual ele foi enviado.

No Evangelho de Lucas, o tentador se gabou de que daria a Jesus “toda essa autoridade” se ele apenas reconhecesse a soberania de Satanás, e afirmou que “foi entregue a mim, e a quem eu quiser, eu dou.”

Jesus não o chamou de mentiroso nem contestou seu direito de dispensar o poder político, o que quase certamente ele teria feito se o diabo não o tivesse. Além disso, se Satanás recebesse essa autoridade de uma fonte superior (“foi entregue a mim”), só poderia ser Deus. Por trás de sua reivindicação estava a queda do homem no Livro de Gênesis. Seu “direito” ou governo sobre a humanidade foi devido à desobediência de Adão - (Jo 12:31; 14:30).

Para adquirir esse poder impressionante Jesus teve que “prestar homenagem” ao diabo. O verbo grego assim traduzido denota dar lealdade a alguém de posição superior. Em outras palavras, ele era obrigado a reconhecer Satanás como seu mestre e Soberano.

Não foi ele o Messias designado por Deus para reinar sobre as nações? Como ele poderia governar o mundo sem o poderio militar e econômico do Império Mundial? - (Salmo 2: 6-8).

Satanás estava oferecendo um atalho para a soberania ordenada por Deus prometida ao Messias, uma maneira de Jesus evitar o sofrimento e a morte. Imagine todo o bem que ele poderia fazer se possuísse o trono de César e comandasse as legiões de Roma! Se alguma vez houve justificativa para recorrer ao poder do Estado, foi essa. Quem estava mais qualificado para empunhar o cetro imperial do que o príncipe da Paz?

SERVO SOFREDOR


Ao invés de se curvar a Satanás ou se rebaixar aos métodos violentos que dominam a atual ordem mundial, Jesus escolheu o caminho do Servo Sofredor do Senhor. Em seu reino, a vitória seria alcançada por meio da abnegação e do serviço sacrificial aos outros. A “grandeza” seria medida por atos de misericórdia e amor, especialmente ao “inimigo.”

Contrariando as expectativas de seus contemporâneos, Jesus abraçou a “forma de escravo” e tornou-se “obediente até a morte.” Por isso, Deus o exaltou para reinar e lhe deu o nome “acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e Debaixo da terra.”

No entanto, o Calvário deve preceder a exaltação e a glória, e os seus discípulos são convocados a adoptar esta mesma orientação, deixando esta “mente estar em vós que também estava em Cristo Jesus”:

  • O qual, estando na forma de Deus, não considerou coisa a apreender o ser semelhante a Deus, mas, em vez disso, derramou - se, tomando a forma de escravo, sendo feito à semelhança do homem; e, achando-se na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, sim, a morte de cruz” - (Filipenses 2:6-9).

O cristianismo institucional tem uma longa história sórdida de misturar Igreja e estado, uma tradição inerentemente incompatível com os ensinamentos e o exemplo de Jesus Cristo. A tentação de usar o poder político para impor a crença “correta” tem sido grande demais, mas o avanço do Reino de Deus através dos meios políticos desta era caída exige o emprego do poder coercitivo do Estado.

Nós, como Seus discípulos, devemos escolher entre seguir o “Cordeiro aonde quer que ele vá” ou dar nossa fidelidade à “Besta.” Quando empregamos os sistemas políticos corruptos deste mundo, começamos a abraçar a “Besta do Abismo”, prostrar-nos diante de sua “imagem” e “tomar sua marca.”

Devemos levar a sério o retrato Bíblico do poder político como território de Satanás. Se o diabo trabalha nos bastidores da política deste mundo e o poder político necessita dar fidelidade a ele, já que Jesus Se recusou a fazê-lo, não deveríamos seguir Seu exemplo? Ou devemos abraçar o que ele rejeitou?



VEJA TAMBÉM:
  • Servant or Caesar? - (Jesus rejected Satan’s offer of unlimited political power and instead chose the way of the Suffering Servant - Matthew 4:8-11)
  • Servo do Senhor - (Paulo convocou os crentes a adotarem a mesma mente que Jesus tinha quando derramou sua vida até a morte pelos outros - Filipenses 2:5-11)
  • Verdadeira Grandeza - (Os discípulos de Jesus são chamados ao serviço de auto-sacrifício pelos outros, assim como Jesus deu a sua vida em resgate por muitos - Marcos 10: 35-45)

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