Filho de Davi
O Evangelho de Mateus apresenta Jesus como o “Filho de Davi.” Em sua vida e morte, ele demonstrou o que significava ser o rei de Israel. Esta última designação estava ligada tradicionalmente à casa de Davi; mas em Mateus, essa compreensão do Messias é alterada de maneiras inesperadas. O maior “Filho de Davi” é mais do que o governante de Israel ou rei sobre as nações, pois ele é o Messias de um tipo radicalmente diferente, o “servo de Yahweh.”
Citações
e alusões bíblicas são aplicadas a Jesus para estabelecer seu status real,
mesmo que ele estivesse destinado a morrer na Cruz. Em seu batismo, por
exemplo, o Espírito desceu sobre ele “como pomba”, e a voz do céu
declarou: “Este é o meu filho, o amado, em quem me deleito.” A descrição
combina palavras de duas passagens messiânicas:
- (Salmo 2: 7) – “Disse-me o Senhor: Tu és meu filho; hoje te gerei.”
- (Isaías 42: 1) - “Eis aqui o meu servo, a quem sustento; o meu escolhido, em quem a minha alma se deleita. Pus sobre ele o meu Espírito; Ele fará justiça aos gentios.”
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No entanto, Mateus não simplesmente acumula textos de prova para validar suas credenciais Genealógicas. Ao combinar tais profecias, surge uma figura messiânica que cumpre os papéis do Rei davídico e do servo de Yahweh do Livro de Isaías, aquele que foi “cortado da terra dos viventes pela transgressão do meu povo.”
UM PAPEL NÃO PODE SER ENTENDIDO SEPARADO DO OUTRO. Embora pareçam incompatíveis, eles estão inextricavelmente ligados. As mesmas palavras são ouvidas novamente na Transfiguração quando “uma voz da nuvem declarou: Este é meu filho, em quem me comprazo. OUÇAM-NO!”–(Isaías 53:8, Mateus 17: 5).
No
Novo Testamento, o segundo Salmo é aplicado a Jesus em seu papel atual
como o ungido que reina da “mão direita” de Deus, mas ele alcançou sua
posição exaltada através da humilhação e horror da Cruz - (Salmo 2:1-9).
Como predito no segundo Salmo, Jesus
suportou a conspiração para derrubar o Filho de Deus quando os líderes
religiosos de Israel conspiraram para destruí - lo - os “principais
sacerdotes e todo o Concílio buscaram falso testemunho contra Jesus para o
matarem” - (Mateus 26:59, 27:1).
Foi
assim também que a igreja primitiva interpretou o Salmo. Depois de sofrer
ameaças dos sacerdotes e saduceus, Pedro orou:
- “Ó Senhor, tu fizeste o céu, e a terra, e o mar, e tudo o que neles há, que pelo Espírito Santo, pela boca de nosso pai Davi, teu servo, disseste: 'por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginam coisas vãs? OS REIS DA TERRA SE PUSERAM EM ORDEM, E OS PRÍNCIPES SE AJUNTARAM, CONTRA O SENHOR, E CONTRA O SEU CRISTO; porque em verdade, nesta cidade, contra o teu santo Servo Jesus, a quem ungiste, tanto Herodes como Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel, se ajuntaram, para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho preordenaram que acontecesse” - (Atos 4:24-28).
Pedro
também combinou a imagem do servo sofredor com a figura real do segundo
Salmo. Não foram apenas as nações que se enfureceram “contra Javé e Seu
ungido”, mas os líderes sacerdotais de Israel. Como rejeitavam e perseguiam
o escolhido de Deus, não eram melhores do que os gentios pagãos ou os
representantes do Império Romano.
Seu
assassinato foi antecipado em sua parábola sobre a vinha e seus lavradores. Na
época da colheita, o proprietário enviou vários servos para “receber o fruto”
que era devido, mas os “inquilinos” abusaram e mataram seus agentes.
Então ele enviou seu “filho”, esperando que eles respeitassem o
herdeiro. Mas os “arrendatários”estavam determinados a “apoderar - se
da herança” para si mesmos, por isso o assassinaram - (MT 21:33-45).
A
parábola ecoa as palavras do segundo Salmo sobre a conspiração contra o
Messias, e foi dirigida contra os mesmos que estavam tramando sua morte: “quando
os principais sacerdotes e fariseus ouviram suas parábolas, perceberam que ele
estava falando delas.”
O CAMINHO PARA O TRONO
Jesus
certamente era o herdeiro de Davi, mas primeiro, ele sofreu por seu povo como o
“servo de Yahweh.” Ele foi exaltado e recebeu “todo o poder no céu e
na Terra”, mas somente após sua morte e ressurreição. Paradoxalmente, ele
conquistou seus inimigos suportando uma morte injusta, morrendo por seus
inimigos em vez de matá-los.
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Desde a sua ressurreição, ele reinou no trono messiânico como o “governante dos Reis da Terra”, razão pela qual desde então ele tem enviado Seus discípulos como seus enviados que anunciam suas boas novas “até os confins da terra” – (Salmo 2:12, Mateus 28:18-20, Atos 1:6-9).
O
ato final em Mateus é o “comissionamento” dos discípulos Por Jesus. A
imagem não é de um revolucionário político ou ditador despachando seus
exércitos para destruir seus oponentes, mas de um monarca já governante
enviando seus arautos por todo o seu domínio para anunciar sua vitória e
soberania – (Mateus 28:18-20).
Assim,
Jesus de Nazaré é o herdeiro do trono, o “Filho de Davi”, mas primeiro
se tornou o “servo do Senhor” que sofreu e “deu a vida em resgate de
muitos”, pois a estrada real para o Monte Sião passa apenas pelo Gólgota.
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